Sadina. A cervejaria que quer “voar” por todo o país

O mercado da cerveja artesanal continua a dar que falar. Serão já perto de uma centena as marcas ativas no país, segundo o site Cerveja Artesanal Portuguesa, e os constantes lançamentos de marcas, estabelecimentos e festivais dedicados a este universo contribuem de forma decisiva para a pujança e consolidação do setor. 

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Se é certo que o norte do país tem sido a “incubadora” da maioria destes projetos, há uma micro cervejaria artesanal a sul que quer contrariar essa tendência e mostrar o que vale enchendo copos por todo o país. Chama-se Sadina. Adivinha de onde é?

José Rua é o impulsionador da marca, que já comemorou um ano de atividade comercial e funciona numa nova loja há pouco mais de um mês, na Rua do Romeu, na baixa de Setúbal.

A história deste caso de empreendedorismo começou há uns anos. Quando o engenheiro civil, de 41 anos, e a esposa se depararam com uma situação de desemprego decorrente da crise que afetou o país, em 2010, ele emigrou para o Brasil à procura de alternativas. Lá, onde permaneceu quatro anos, teve oportunidade de fazer alguns cursos e de conhecer pequenos negócios como o que tem hoje. “Nessa altura eu ainda não tinha a ideia de abrir a empresa, mas quando me disseram que dava para fazer cerveja em casa, pensei ‘se dá para fazer, eu também quero fazer!’. E fui procurar cursos de cervejeiro caseiro”, conta José Rua à Travel&Taste.

“Aí vimos que seria possível fazer vida disto e que tínhamos de aumentar a capacidade de produção”

José Rua

José criou a sua própria empresa, aproveitando a “onda da cerveja artesanal que está a crescer mais agora”. Começou por abrir uma loja-fábrica na Fonte Nova, um “laboratório do projeto” dedicado às primeiras experimentações de receitas e com uma capacidade de produção modesta. A abertura foi em novembro e a faturação sorriu-lhes como um presente de Natal. “Aí vimos que seria possível fazer vida disto e que tínhamos de aumentar a capacidade de produção”. Hoje o casal está a acabar de montar uma nova fábrica, muito maior, com vista a produzir “em quantidade suficiente para divulgar a cerveja em todo o país e não só na região de Setúbal”.

cerveja sadina

Foto: André Rosa/Travel&Taste

O logotipo da Sadina, um golfinho com asas, significa esse desejo de expansão mas também que a bebida é “leve”. A linha base da cervejaria tem seis cervejas, todas de estilos diferentes: a American Blond Ale e a California Ale (“para as pessoas que estão a iniciar-se na prova de cervejas artesanais”); a American Pale Ale e a India Pale Ale (“para os verdadeiros conhecedores de cerveja”) e a Brown Porter e Witbier (“para os amantes das cervejas especiais”). Em todas elas saboreia-se um cunho pessoal do cervejeiro, que não descura o rigor próprio dos estilos.

Também as há para as diferentes estações do ano e ocasiões especiais. “A nossa cerveja de verão tem gengibre e lima, é fresca e adequada a peixe e marisco. A cerveja de inverno, que é mais doce, tem cacau e laranja, 7% de álcool e é para beber a 8, 10 graus. Costumo dizer que é boa para beber à lareira”, brinca José Rua. E porque o Halloween, tradição importada, também significa festa e convívio, a Sadina Pumpkin Ale já está a fermentar uma receita americana com abóbora. Chega à loja em outubro.

Beber menos, mas beber melhor

A Sadina quer ser reconhecida como “a cervejaria da cidade” e para já é a única. A missão é dar a conhecer às pessoas “a oferta da cerveja artesanal como alternativa aos vinhos, uma vez que também harmoniza com a comida e até de forma mais eclética”, argumenta José.

Quem procura a Sadina já tem uma ideia do que é uma cerveja artesanal. É o caso dos estrangeiros, que em agosto fizeram esgotar o stock. “Eles já têm o hábito de consumir cervejas artesanais. Bebem as nossas cervejas, mas como sentem que lhes falta qualquer coisa, procuram-nos”.

E o cliente português também vai dando sinais. À loja chegam pessoas na casa dos 30 aos 50 anos “com muita curiosidade e um pouco mais esclarecidas em relação ao que é de qualidade”, revela José, acrescentando que “a cerveja artesanal rege-se um pouco pela ideia de beber menos, mas beber melhor”. Acima de tudo porque beber uma cerveja artesanal não é como procurar apenas uma sensação rápida e refrescante – “tem outra proposta, a de conhecer os aromas, a história e harmonizar com alguns pratos”.

cerveja sadina

Foto: Facebook Oficial/D.R.

Conhecer um pouco da história da cerveja e aprender a degustar os aromas é possível nos workshops que a Sadina organiza na loja, aos fins-de-semana, para grupos de até seis pessoas (com marcação). No espaço, que funciona sobretudo como uma montra, o cliente pode comprar as cervejas à unidade ou personalizar packs com múltiplos sabores à escolha, recebendo a devida orientação.

A Sadina encontra-se por agora à venda na Casa da Baía, no restaurante Choco Real do Centro Comercial Alegro, na Tasca Vadia, no KaosBeers e na Rota dos Saberes e Sabores. Fora da cidade, já chegou a lojas gourmet e restaurantes no Montijo, Alcácer do Sal e Fundão. “Queremos que as pessoas bebam a nossas cervejas com satisfação e que seja um momento social”, diz o cervejeiro.

Cerveja Artesanal Sadina | Local: Rua do Romeu, baixa de Setúbal | + info